Em
Italva a estrela das festas e das mesas nas famílias e destaque num festival
que atrai turistas.
As
tradições da culinária libanesa invadem Italva no Noroeste do Estado do Rio de
Janeiro. Por toda a parte nos restaurantes, bares e lanchonetes o quibe é um
dos salgados mais procurados. Trazido para a cidade pelos libaneses com
receitas familiares, foi difundido por toda a região, mas na opinião do Padre
Maxiliano Barreto em Italva o sabor é diferenciado. Em várias versões a receita
ganha as mesas nas festas e é servido cru, frito ou assado. O segredo esta no
tempero que é guardado a sete chaves pelos últimos libaneses e seus
descendentes.
-
È diferente comer um quibe em qualquer lugar, mas em Italva o quitute de origem
libanesa guarda segredos trazidos pelos primeiros imigrantes e seus
descendentes. A cidade é conhecida como a capital do quibe, mas a tradição
agora reconhecida como patrimônio cultural e imaterial precisa ser repaginada
para retomar a originalidade da festa e reunir as famílias para um momento de
confraternização e de reencontro. – destaca o padre.
Mas
as histórias são muitas. Recordações de um tempo
que o Festival do Quibe reunia as famílias descendentes de libaneses. Quibes,
esfiras e outras delícias. João Baptista Miote Filho preserva a tradição que
recebeu da sogra Maria da Penha Florido José, 82 anos, que passou os segredos
da culinária para a filha Maria Margarete Florido Miote. E o cantinho libanês é
uma das referências na cidade. Saudosista, recorda desse tempo. Famílias que se
encontravam no festival para recordar a chegada dos imigrantes que chegaram a
cidade trazendo as tradições culinária.
- Recordo como foram os primeiros anos do Festival do Quibe. Uma
festa familiar, e era uma grande oportunidade para rever amigos distantes, mas que
sempre voltavam a Italva para este momento festivo. Aos poucos a comunidade
libanesa foi diminuindo. Os mais velhos morreram e os jovens foram para outras
cidades para estudar e acabaram ficando nestas cidades, mas a tradição
continua. O grande segredo é manter a qualidade e resgatar esse lado familiar
para voltar aos tempos que participávamos com a família reunida e era um
encontro saudável... Tempos que deixaram saudades. - disse João Baptista.
Uma lei para preservar a tradição. Desde 1971, o quibe é
festejado atraindo turistas de várias partes do Brasil. Alem do quibe outras
iguarias da culinária libanesa podem ser degustadas no Festival do Quibe
realizado no Pedra Branca Social Clube. A Diretora do Clube Verônica Madureira
destaca a importância da lei para a preservação da tradição
- É uma festa maravilhosa, bem organizada, cheia de gente
bonita, onde você pode se divertir em segurança. Uma equipe grande passa a
madrugada na sede do clube preparando os quibes no dia anterior. O povo italvense
fica feliz de a cidade seguir fiel às suas tradições e conseguir manter uma
festa como essa por exatos 46 anos. - relata Verônica.
O festival acontece todos os anos no primeiro domingo de
setembro. Além do quibe, no Pedra Branca Social Clube e a programação animada
com muita música é um momento para a degustação do quibe nas versões frito e
cru e regado a chopp servido das 11h até as 17h. E desde as primeiras edições o
encontro acontece num ambiente familiar e atualmente é um dos eventos mais
tradicionais da sociedade italvense, com um perfil cultural influenciado pelos
libaneses que chegaram no início do século XX. Uma tradição que é mantida pelos
descendentes de sírios e libaneses que resistiram em continuar morando na
cidade pela tranqüilidade e convívio social agradável.
- E para garantia da manutenção dessa história, alegria e
orgulho do povo italvense a Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro
(ALERJ), aprovou no dia 04/10/2017, Projeto de Lei Nº. 3459/2017, de autoria do
Deputado Estadual Marco Figueiredo, que torna o nosso tradicional Festival do
quibe, Patrimônio Cultural Imaterial do Estado do Rio de Janeiro. – ressalta Verônica
Madureira.
O Presidente Gean Lúcio destaca a responsabilidade com a lei que
reconhece o festival como patrimônio e já esta realizando reuniões com a
diretoria e os 350 sócios para avaliar o evento e para preparar uma programação
já pensando no ano que vem. E informou que é o festival mais antigo da região
Noroeste.
O festival é atualmente a segunda festa da cidade, com uma
participação bastante expressiva e chegando a superar a festa de emancipação. E
com essa lei aumenta nossa responsabilidade de preparar uma festa com qualidade
e ao mesmo tempo com o compromisso de preservar essa tradição da cultura
libanesa. – disse Gean.
A
artesã Fabiana Oliver destaca o festival como uma marca da cidade que precisa
ser preservada. Uma contribuição dos libaneses que chegaram e trouxeram a sua
cultura que esta sendo mantida viva pelos descendentes e pelos moradores.
-
Uma contribuição para a culinária da cidade. Hoje muitos jovens descendentes
das famílias libanesas foram estudar fora, mas o quibe continua sendo a marca
da cultura de Italva. E agora com a lei que reconhece o festival como
patrimônio cultural e imaterial a sociedade tem esse compromisso de nunca
deixar acabar a tradição, mas ser uma festa para reunir as famílias para um
encontro e confraternização. – disse Fabiana.
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